Você sabe o que é FIDC? Não importa o tipo de negócio: as vendas a prazo fazem parte da realidade de qualquer empresa. Contudo, ao mesmo tempo que traz vantagens, vender a prazo pode causar o afunilamento do fluxo de caixa de uma organização.
É aí que o FIDC pode ser a ferramenta certa para manter o caixa da empresa girando. Com R$ 42,6 bilhões em ofertas emitidas em 2021 (até setembro), em 335 operações. Esse resultado representa avanço sobre o total movimentado nos doze meses de 2020, quando foram registrados R$ 33,8 bilhões, em 306 ofertas, de acordo com dados da Anbima.
E para te ajudar, abaixo explicamos o que é FIDC e quais são os benefícios que ele traz tanto para investidores quanto para empresas de securitização. Acompanhe conosco!
O que é FIDC?
Um FIDC (Fundo de Direito Creditório) é um fundo de investimento que tem pelo menos 50% das suas aplicações nos chamados direitos creditórios — estes são os valores que uma empresa tem a receber, ou seja, suas vendas a prazo.
Isso inclui cheques, duplicatas ou qualquer outra venda feita no crédito. Esses recebíveis são convertidos em títulos negociáveis por meio de um processo que cria liquidez ao permitir que investidores menores comprem ações em um pool de ativos maior. Ele envolve o agrupamento de dívidas contratuais e quaisquer ativos que gerem recebíveis.
Assim, a empresa que detém os recebíveis reúne os dados sobre os ativos que gostaria de remover de seus balanços. Esses ativos são então agrupados por fatores, como o tempo restante de um empréstimo, o nível de risco, o valor do principal restante e outros.
Este grupo reunido de ativos, agora considerado uma carteira de referência, é então vendido a um emissor. O emissor cria títulos negociáveis que representam uma participação nos ativos associados à carteira, vendendo-os a investidores interessados com uma taxa de retorno.
Quais os benefícios do FIDC?
Após entender melhor o que é FIDC, é hora de conhecer quais são seus benefícios. O fundo fornece aos credores um mecanismo para reduzir seu risco associado por meio da divisão da propriedade das obrigações de dívida.
Os investidores efetivamente assumem a posição de credor ao comprar quotas de um FIDC, o que permite que o credor remova os ativos associados de seus balanços.
Os investidores ganham uma taxa de retorno com base nos pagamentos de capital e juros associados que estão sendo feitos pelos devedores incluídos em suas obrigações, enquanto credores criam fluxo de caixa para seus negócios.
Ao contrário de alguns outros veículos de investimento, os direitos creditórios são apoiados por bens tangíveis. Se um devedor cessar os pagamentos de seu ativo, ele poderá ser confiscado e liquidado para compensar aqueles que detêm participação na dívida.
Como em qualquer aplicação, quanto maior o risco, maior a taxa potencial de retorno. Isso se correlaciona com as taxas de juros mais altas que os tomadores menos qualificados geralmente são cobrados, já que, mesmo que os títulos sejam assegurados por ativos tangíveis, não há garantia de que estes manterão seu valor caso o devedor cesse o pagamento.
Como funciona na prática?
Antes de te explicar a parte prática sobre o que é FIDC, vamos a mais uma parte da teoria. Neste sentido, você precisa saber que esse fundo pode ser de dois tipos e ter um prazo de duração determinado ou indeterminado.
- FIDC aberto: neste caso o prazo de duração é indeterminado e os investidores podem resgatar o valor a qualquer momento, respeitando as regras de liquidez do fundo.
- FIDC fechado: nesta modalidade, o fundo tem prazo determinado de duração. Além disso, as cotas só podem ser resgatadas ao término do prazo de duração do fundo, de acordo com o regulamento.
Agora vamos à explicação prática para te ajudar a entender definitivamente o que é FIDC.
Considere o seguinte exemplo para entendê-lo na prática: uma empresa faz vendas a prazo no valor total de R$ 200 mil. Ela terá, portanto, uma duplicata nesse valor programada para receber, digamos, em 60 dias.
Contudo, a empresa possui compromissos financeiros e necessita do recurso imediatamente. Ela poderá, então, vender essas duplicatas para uma custodiante — instituição financeira que fará o serviço de custódia dos títulos — e ter acesso ao valor antecipado.
A custodiante repassará os títulos para uma administradora, que montará o fundo e o disponibilizará para os investidores. O fundo se dispõe a pagar o valor da duplicata para a empresa em troca do direito que ela tem de receber a duplicata.
Para conseguir essa antecipação do valor, a empresa abrirá mão de uma parcela do crédito a que tem direito — esta parcela varia de acordo com a negociação com a administradora.
Quais as cotas do FIDC?
Os ativos do FIDC são agrupados em cotas divididas em duas categorias: sênior ou subordinada. Entenda como elas funcionam.
Cota sênior
As cotas sênior são aquelas que têm rentabilidade prefixada. Elas também se comportam como títulos de renda fixa, dando ao investidor preferência no recebimento de juros, resgate ou amortizações do valor. Além disso, possuem risco bem menor do que outros fundos de investimentos.
Cota subordinada
Como o próprio nome já sugere, esta cota está subordinada à sênior, ou seja, o cotista detentor da mesma só pode retirar dinheiro quando a cota sênior respectiva for resgatada. Este é o tipo que envolve mais riscos, como as possíveis inadimplências dos títulos, por exemplo. Por outro lado, sua rentabilidade é maior.
O resgate da cota subordinada variará de acordo com as características do FIDC, podendo ser aberto, permitindo o acesso aos ativos a qualquer momento, ou fechado, quando apresenta um prazo definido para que o resgate ocorra.
Quais as partes envolvidas no FIDC?
Para entender mais profundamente o que é FIDC, é importante saber que existem algumas partes envolvidas nas diferentes atividades deste fundo de investimento. Veja a seguir quem são eles e o papel de cada um.
- Cedente: trata-se da empresa que é titular dos direitos creditórios, aquelas que vendem a dívida;
- Estruturadores: trata-se da instituição responsável por montar a operação e dar andamento no processo do FIDC;
- Custodiantes: responsável pela custódia e controle dos valores a receber do fundo, ou seja, é quem cuida de todas as transações envolvendo os ativos;
- Administrador: responsável legal pelo FIDC e por fazer a captação de recursos por meio da venda de cotas;
- Cotista: investidores que compõem o fundo.
Qual a diferença entre FIDC e Factoring?
Depois de te explicar tudo sobre o que é FIDC, vamos te explicar agora a diferença entre o fundo e uma Factoring.
A atividade de uma Factoring está ligada a compras de contas a receber no curto ou médio prazo. Isso permite que as empresas recuperem seu capital de giro ou façam investimentos que não podiam fazer por falta de recursos. Neste caso, o papel da Factoring é adiantar o valor dos recebíveis por meio do recebimento de um fator.
A diferença entre o FIDC e a Factoring está na negociação de tributos. Enquanto pode comprar apenas duplicatas, notas promissórias e cheques pré-datados. Além disso, o fundo pode comprar e vender títulos e uma empresa de factoring pode apenas adquiri-los.
Criados há quase duas décadas, esses fundos têm se consolidado como um dos principais instrumentos de financiamento das empresas brasileiras, por isso da importância de saber o que é FIDC e como ele beneficia o mercado.
E você, ficou com alguma dúvida sobre o que é FIDC? Quer saber mais? Deixe seu comentário abaixo! Estamos sempre prontos para ajudá-lo!